Vamos aprender a música: Que pais é esse
- Jhunior Reis
- 29 de jan.
- 4 min de leitura
A música "Que País É Esse?", da banda Legião Urbana, é uma das mais emblemáticas do rock brasileiro. Lançada originalmente no álbum homônimo de 1987, mas composta por Renato Russo em 1978, a canção expressa uma profunda crítica social e política do Brasil, usando um tom de revolta, ironia e desencanto. Vou fazer uma análise frase por frase:
1ª Estrofe
"Nas favelas, no Senado"➡ Aqui, há um contraste entre dois extremos da sociedade: a favela, representando a pobreza e a marginalização, e o Senado, símbolo do poder e da elite política. Essa oposição sugere que a desigualdade social no Brasil está presente em todos os níveis.
"Sujeira pra todo lado"➡ O termo "sujeira" pode ser interpretado de forma literal, remetendo à falta de infraestrutura e saneamento básico nas favelas, mas também metaforicamente, denunciando a corrupção na política.
"Ninguém respeita a Constituição"➡ Uma crítica direta à falta de cumprimento das leis no país. Embora a Constituição estabeleça direitos e deveres, na prática, muitas vezes são ignorados por aqueles que deveriam garanti-los.
"Mas todos acreditam no futuro da nação"➡ Uma ironia evidente. Apesar de todas as falhas mencionadas, as pessoas continuam acreditando em um futuro melhor, muitas vezes sem agir para mudá-lo. Pode ser uma crítica ao conformismo ou à falsa esperança propagada por políticos.
Refrão
"Que país é esse?"➡ O refrão se repete várias vezes como um grito de indignação e questionamento. O eu lírico se pergunta, incrédulo, como um país pode ter tantos problemas e ainda assim continuar funcionando desse jeito.
2ª Estrofe
"No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense"➡ Cita diferentes regiões do Brasil para mostrar que os problemas não estão concentrados apenas em um lugar. O Amazonas representa a exploração dos recursos naturais e a negligência com os povos indígenas. O Araguaia remete ao movimento guerrilheiro e à repressão da ditadura militar. A Baixada Fluminense é historicamente associada à violência e à desigualdade social.
"Mato Grosso, Minas Gerais e no Nordeste tudo em paz"➡ Aqui, há uma ironia. Essas regiões também enfrentam sérios problemas, como desmatamento, exploração de trabalhadores, pobreza e violência, mas a letra ironiza a forma como muitas vezes se tenta vender uma imagem de tranquilidade, enquanto a realidade é bem diferente.
"Na morte eu descanso"➡ Uma crítica ao sistema que faz com que muitas pessoas vivam em condições tão precárias que a única forma de descanso verdadeiro seria a morte.
"Mas o sangue anda solto"➡ Pode se referir à violência generalizada, desde crimes comuns até a repressão política da ditadura militar, que ainda era recente quando a música foi escrita.
"Manchando os papéis, documentos fiéis ao descanso do patrão"➡ Uma possível referência à corrupção e à impunidade no país, onde documentos e leis parecem sempre favorecer os mais ricos e poderosos.
3ª Estrofe
"Terceiro mundo se for"➡ O Brasil é colocado como um país do "Terceiro Mundo", termo usado durante a Guerra Fria para definir nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento. A palavra "se for" pode indicar dúvida ou ironia, sugerindo que a situação pode ser ainda pior.
"Piada no exterior"➡ O Brasil, com seus problemas estruturais, é visto como motivo de piada em outros países. Essa frase reflete um sentimento de vergonha nacionalista diante da corrupção e da desigualdade.
"Mas o Brasil vai ficar rico"➡ Ironia sobre as promessas recorrentes de que o país está prestes a crescer economicamente, enquanto a realidade é sempre marcada por crises.
"Vamos faturar um milhão"➡ A crítica aqui pode ser dupla: tanto ao discurso político de crescimento econômico quanto ao enriquecimento de poucos enquanto a maioria da população continua em dificuldades.
"Quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão"➡ Uma denúncia explícita da exploração dos povos indígenas e da destruição de suas terras em nome do lucro. A imagem do leilão remete à ideia de que os indígenas são tratados como mercadoria, reforçando a crítica ao avanço do capitalismo predatório.
Conclusão
"Que País É Esse?" é um retrato atemporal da indignação com os problemas sociais, políticos e econômicos do Brasil. A música, escrita há mais de 40 anos, continua extremamente atual, refletindo uma realidade que, para muitos, ainda não mudou. A letra é repleta de ironia, sarcasmo e questionamento, fazendo dela um verdadeiro hino de protesto.
Se você quer aprender a cantar Que País É Este?, comece ouvindo a música várias vezes para se familiarizar com o ritmo e a interpretação de Renato Russo. Preste atenção na dicção e na força das palavras, pois essa canção tem um tom de protesto e indignação, o que exige uma interpretação intensa. Pratique cantando junto com a música e depois tente cantar sozinho, focando na precisão da letra e na energia da performance.
Se preferir, leia a letra em voz alta antes de cantar para melhorar a pronúncia e a confiança. Quando se sentir preparado, grave um áudio ou vídeo cantando ou recitando a letra e envie pelo WhatsApp para que possamos acompanhar seu progresso!
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