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Capítulo 1 - Meu Universo Interior

  • Foto do escritor: Jhunior Reis
    Jhunior Reis
  • 2 de fev.
  • 12 min de leitura

Atualizado: 2 de fev.

O sol nascia preguiçoso, espalhando uma luz alaranjada entre os prédios altos da metrópole. Na esquina de uma rua movimentada, havia um prédio mal acabado, de aparência desgastada, mas estrategicamente bem localizado. A fachada exibia as marcas do tempo: pedaços de reboco caídos e janelas emolduradas por ferrugem. Era o tipo de lugar que passava despercebido para quem andava apressado, mas, dentro dele, uma rotina se repetia todos os dias.


No térreo, funcionava a Escola de Música Harmonia Musical, identificada por um letreiro simples que balançava ao menor vento. O interior, apesar de acolhedor, era marcado pela falta de manutenção.


O cheiro de madeira velha misturava-se com o odor de umidade persistente que parecia impregnado nas paredes, junto com o som ocasional de instrumentos desafinados que ecoavam pelos corredores. Atrás do prédio, quase escondido, havia um loft improvisado. Seu teto baixo e paredes manchadas de mofo refletiam a simplicidade e o desgaste da vida de seu único morador.


Esse era o lar de Reis. Com seus trinta e poucos anos, ele vivia em um espaço apertado que, em outro contexto, talvez fosse usado como depósito. O lugar era pequeno, e a única porta de madeira rangia ao menor toque, como se protestasse contra qualquer movimento.


As paredes internas estavam desgastadas, marcadas por manchas de mofo que resistiam a qualquer tentativa de limpeza. O chão de cimento frio era parcialmente coberto por um tapete velho e puído, enquanto móveis improvisados, montados com peças que não combinavam, se acumulavam nos cantos, formando um mosaico de sobrevivência funcional.


No canto do loft, um colchão de casal encostado à parede exibia lençóis amassados e um travesseiro deformado pelo uso. A estrutura simples parecia ceder à gravidade, como se carregasse o mesmo peso que o dono. Ao lado, uma mesinha improvisada, feita de tábuas mal cortadas, servia de apoio para uma pilha de livros de música e partituras rabiscadas, muitas delas amassadas e manchadas de café. No meio da bagunça, uma caneca lascada parecia um artefato permanente, sempre à espera de ser preenchida novamente.


Encostado em um canto, um violão surrado descansava contra a parede, suas cordas gastas pendendo como lembranças de músicas já esquecidas. Apesar do desgaste, o instrumento parecia ser o único objeto no loft que ainda carregava alguma alma, uma memória de dias melhores. Sobre ele, como uma figura de autoridade serena, pairava Sham, o fiel gato preto de Reis.


Sham era o rei daquele pequeno mundo. Sentado na beirada da cama, com os olhos amarelos brilhando como faróis na penumbra, ele observava os movimentos do dono com a atenção meticulosa de quem parecia entender mais do que deveria. Cada movimento de sua cauda era um lembrete de sua presença silenciosa e soberana. Quando Reis finalmente despertou, com o cabelo desgrenhado e a barba bagunçada, Sham soltou um miado baixo, quase como se estivesse lembrando o homem de que o dia já havia começado.


“Calma, Sham… Já tô indo,” murmurou Reis, com a voz rouca e pesada de quem ainda carregava o peso do sono. Ele se sentou na beira da cama, esfregando os olhos enquanto lançava um olhar cansado ao redor. O ambiente parecia imóvel, congelado no tempo, como se nada ali quisesse mudar.


Com passos arrastados, Reis caminhou até o pequeno espaço que chamava de cozinha. Uma bancada encardida, marcada por manchas de suco seco, e uma pia entupida formavam o cenário de todas as manhãs. Ele pegou a caneca lascada da mesinha, encheu-a com o refrigerante que havia sobrado da noite anterior e deu um gole longo e amargo. Sham o seguiu em silêncio, movendo-se com a graça de um espectro, até saltar para o balcão e observá-lo de perto com seus olhos brilhantes e inquisitivos.


“Você pelo menos não tem que lidar com crianças bagunçando o dia todo,” disse Reis, lançando um olhar divertido para o gato. Sham, fiel à sua natureza, ignorou o comentário e saltou para o chão com um movimento suave, caminhando preguiçosamente até a porta.


O loft era apenas um reflexo da vida que Reis levava: simples, funcional, mas impregnado de cansaço. Enquanto vestia seus jeans surrados e uma camisa amarrotada, ele sentiu a familiar sensação de repetição o invadir. Todos os dias pareciam iguais, como notas de uma música tocadas incessantemente, sem variação ou propósito. Ele suspirou, deu o último gole no refrigerante, pegou sua mochila desgastada e agachou-se para afagar Sham.


“Cuida de tudo aqui, Sham. Não deixa os fantasmas entrarem,” disse com um sorriso cansado, enquanto o gato ronronava baixinho em resposta.


A porta de madeira rangeu alto ao ser aberta, liberando Reis para o mundo lá fora. Do lado de fora, a cidade já tinha despertado por completo. O som das buzinas, passos apressados e murmúrios indistintos preenchia o ar como uma melodia caótica. Ele atravessou o corredor estreito que conectava o loft à escola de música, observando o letreiro simples balançando suavemente ao sabor do vento da manhã.


Do interior do prédio, as vozes das crianças começavam a ecoar, trazendo com elas o prenúncio de mais um dia exaustivo. Reis empurrou a porta principal da escola de música, e o som familiar do sino acima dela marcou sua chegada. A recepção estava desorganizada, com papéis espalhados sobre o balcão e uma pilha de contratos que pareciam intocados. Atrás do balcão, a secretária Thais já o olhava com aquele típico olhar de desdém.


Era um olhar que ele conhecia bem. Não era apenas descaso, era quase uma mensagem silenciosa de que ela preferia estar em qualquer outro lugar. Sem dizer uma palavra, Thais voltou a mexer no celular, seus dedos deslizando sobre a tela enquanto um leve sorriso se formava em seu rosto — provavelmente algo mais interessante do que a escola ou o trabalho.


Réis suspirou, largando sua mochila em um canto e pegando o caderno de chamada. O dia estava apenas começando, mas ele já sentia o peso acumulado da rotina. As vozes das crianças ecoavam pelos corredores, mas não havia aquela energia contagiante que às vezes animava o ambiente. Era como se o desânimo dele tivesse, de alguma forma, se espalhado entre os alunos.


A primeira aula começou com dificuldade. As crianças, sentadas em cadeiras desarrumadas, mexiam desinteressadamente nos instrumentos. Reis tentou engajar o grupo, mas sua falta de energia era evidente. Ele ajustou o violão de um aluno, mostrou os acordes básicos, e sugeriu que tocassem uma música simples. No entanto, as notas saíam desconectadas, e o interesse logo se dissipou.


“Vamos lá, pessoal... Só mais uma vez. Não é tão difícil assim,” disse ele, tentando soar encorajador, mas sua voz era quase robótica.

Um dos garotos, entediado, começou a bater na mesa com as baquetas, atrapalhando ainda mais a concentração do grupo. Uma menina reclamou que o violão estava desafinado, enquanto outra olhava pela janela, completamente alheia ao que acontecia na sala.


No meio do caos, Reis viu Thais passando pelo corredor. Ela carregava um copo de café nas mãos e caminhava lentamente, como se estivesse em um desfile. Ao perceber o tumulto na sala, lançou um olhar rápido para dentro, mas não fez qualquer esforço para ajudar. Sua expressão fria dizia tudo: "Não é problema meu."


Reis balançou a cabeça, frustrado. Ele se sentia sozinho na tarefa de manter tudo funcionando. Quando o sinal tocou, as crianças correram para fora, deixando cadeiras fora do lugar, partituras espalhadas pelo chão e instrumentos largados de qualquer jeito. Ele respirou fundo e começou a organizar tudo, recolhendo as peças de mais uma aula caótica.


Enquanto guardava os violões, ouviu uma risada alta vindo da recepção. Era Thais, conversando descontraída ao telefone. Ao passar pelo balcão, viu uma pilha de papéis desorganizados e contratos que deveriam ter sido assinados dias atrás. Era claro que ela não havia feito nada do que era esperado.


“Thais, você chegou a ligar para os pais do Tiago, como combinamos semana passada?” perguntou Reis, tentando manter a paciência.

Ela o encarou sem largar o celular. “Ah, ainda não deu tempo. Tô cheia de coisas pra fazer, sabe como é,” respondeu, com uma voz carregada de sarcasmo, antes de voltar a se concentrar na conversa pelo telefone.


Reis sentiu um nó na garganta, mas preferiu não responder. Não tinha energia para brigar ou insistir. Ele voltou para a sala de aula, onde o próximo grupo de alunos já o aguardava, mas a visão de crianças inquietas e desinteressadas só reforçou sua exaustão.


A segunda aula foi ainda mais complicada. Uma criança começou a chorar porque não conseguia acertar uma nota no piano, enquanto outra simplesmente jogou o caderno no chão e desistiu da atividade. Reis tentou ajudar, tentou guiar, mas suas palavras pareciam atravessar o espaço sem alcançar ninguém. Ele começou a questionar se ainda fazia sentido continuar tentando.


Quando o último sinal finalmente tocou, Reis se jogou em uma das cadeiras da sala, passando as mãos pelo rosto. Ele olhou ao redor, vendo o espaço vazio e bagunçado. Por um momento, pensou no quanto amava a música... ou, pelo menos, no quanto amava a ideia de ensinar música. Mas, naquela prática cansativa, o amor parecia cada vez mais distante.


Enquanto guardava os últimos instrumentos, um som familiar chamou sua atenção. Era Sham, miando baixinho. Reis olhou para a porta e viu o gato, como sempre, esperando por ele. O pequeno felino parecia uma constante em sua vida, o único ponto de estabilidade em meio ao caos.


Ele pegou sua mochila e passou pela recepção, onde Thais ainda mexia no celular, sem levantar o olhar. Ela não disse boa noite, e ele tampouco esperava que dissesse. Com um suspiro, ele saiu pela porta, deixando para trás o peso da escola e o cansaço do dia.


Ao sair da sala de aula, com Sham seguindo silenciosamente atrás dele, Reis atravessou os fundos da escola em direção ao loft. O corredor estreito, iluminado apenas por uma lâmpada fraca, parecia ainda mais sombrio à noite. O ar estava impregnado com o cheiro de madeira envelhecida e um leve toque de mofo, criando uma atmosfera pesada, quase sufocante. Cada passo que dava ecoava no chão de ladrilhos gastos, ressoando como um lembrete da monotonia que envolvia sua rotina.


Quando finalmente chegou à porta de seu loft, Reis parou por um instante. O silêncio ao seu redor era quase opressor, quebrado apenas pelo leve miado de Sham. Ele sentiu o peso do dia em seus ombros e, mais uma vez, se perguntou quanto tempo ainda poderia aguentar naquele ritmo desgastante.


Quando chegou ao loft, a primeira coisa que fez foi largar a mochila no canto com um baque abafado. Ele afundou-se na cadeira mais próxima, soltando um suspiro pesado que ecoou pelas paredes silenciosas. O espaço estava tão quieto que até o som do vento lá fora parecia distante. Ele olhou para o teto baixo e manchado, sentindo o peso do dia se acumular em seus ombros.


Arrastando-se até o banheiro apertado, Reis encontrou os azulejos rachados e cobertos de manchas amareladas que pareciam contar histórias de abandono. O chuveiro, um daqueles modelos baratos de plástico branco já amarelado pelo tempo, soltava apenas um fio de água gelada, interrompido por curtos soluços.


A água caía de forma tão irregular que parecia mais uma provocação do que alívio. Ele esfregava o rosto e os braços, tentando ignorar o desconforto, como se pudesse lavar não apenas o suor, mas também o cansaço que parecia grudado à sua pele. O som irregular das gotas ecoava pelo espaço pequeno, compondo um ritmo inquietante que parecia combinar com seu estado de espírito.

Depois de se enxugar com uma toalha áspera e desgastada, Reis subiu os degraus que separavam o banheiro do restante do loft. O cheiro familiar de mofo e  humidade o recebeu de volta, trazendo uma sensação de monotonia que ele já havia aceitado como parte da rotina. No entanto, algo fora do comum chamou sua atenção.


Sham, o fiel gato preto, estava sentado calmamente sobre o balcão da cozinha. Seus olhos amarelos brilhavam na penumbra, e, segurando algo na boca, ele parecia completamente indiferente ao fato de que aquilo era incomum. Intrigado, Reis se aproximou, arqueando uma sobrancelha.


“O que você aprontou agora, Sham?” disse, tentando manter a voz firme, mas sem conseguir conter um leve sorriso que se formava.

Sham não se moveu. Ele apenas continuou encarando o dono com um olhar intenso, quase enigmático, como se estivesse entregando algo de extrema importância. Quando Reis chegou mais perto, o gato largou o que segurava — um pedaço de papel — com um pequeno ronronar. Em seguida, recuou dois passos e sentou-se novamente, como quem diz: "Minha parte está feita."


Reis pegou o papel, observando-o com curiosidade. Estava levemente amassado e um pouco úmido, mas a única coisa escrita nele era uma palavra. Apenas um nome.

Reis desdobrou o papel, e seus olhos captaram as letras com uma estranha sensação de familiaridade. Era como se ele conhecesse aquele nome, mas de onde, ele não sabia. Sem pensar muito, quase como um reflexo, ele pronunciou em voz alta:

“Reisengard.”


Assim que a última sílaba escapou de seus lábios, o ambiente ao seu redor mudou de forma brusca. Uma rajada de vento irrompeu no loft, como se a palavra tivesse despertado algo adormecido. Papéis e partituras começaram a voar desordenadamente pelo ar, acompanhados por pequenos objetos que giravam como folhas em um furacão. A caneca lascada que sempre ficava no balcão foi arremessada ao chão, quebrando-se com um estrondo que ecoou no caos.



Reis olhou ao redor, em pânico, mas antes que pudesse reagir, uma luz intensa e roxa começou a brilhar bem à sua frente. Linhas de energia começaram a traçar um círculo brilhante no ar, como se uma mão invisível estivesse desenhando algo complexo e mágico. Runas e símbolos intrincados começaram a pulsar em um ritmo próprio, girando e expandindo-se até que o círculo finalmente se abriu, revelando um portal que parecia vivo, pulsando como o coração de uma criatura mística.


Uma força avassaladora começou a puxá-lo. O vento se intensificou, e Reis sentiu seu corpo ser arrastado, mesmo enquanto se agarrava com toda a força à borda do balcão. “Alguém! Me ajude! Por favor!” gritou, mas sua voz foi engolida pelo turbilhão de energia. Ele sabia que estava sozinho; Thais já havia trancado a escola há horas, e o prédio estava completamente vazio. Não havia ninguém para ouvir seus apelos.


Enquanto objetos voavam para dentro do portal, Sham permaneceu imóvel no balcão. O gato, indiferente ao caos ao seu redor, lambia as patas com tranquilidade. Nem o vento nem o brilho intenso parecia perturbá-lo. Ele apenas observava, seus olhos brilhantes fixos em Reis, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo.


Reis olhou para Sham por um breve instante, captando a cena surreal de um gato calmo em meio à tempestade mágica. O contraste entre a indiferença de Sham e o desespero que ele sentia foi um golpe final em sua sanidade. O puxão do portal tornou-se irresistível, e, com um último grito, ele foi sugado pela luz.

A transição foi rápida e vertiginosa. O loft desapareceu, e Reis se viu flutuando em um vasto espaço sideral. Ao seu redor, constelações brilhavam intensamente, e o silêncio era absoluto, envolvente. Por um breve momento, ele se deixou levar pela beleza do lugar, uma pausa inesperada no caos. Mas a tranquilidade não durou muito.


Uma força invisível começou a puxá-lo novamente, desta vez para baixo. O espaço roxo e brilhante deu lugar a um céu azul, salpicado de nuvens brancas que pareciam algodão. O vento cortava seu rosto enquanto ele despencava em queda livre. Tentou gritar, mas o som foi engolido pelo ar. O chão ainda não estava visível, mas a velocidade e o desespero o faziam imaginar o pior.


Quando o chão finalmente surgiu em sua visão, Reis viu uma floresta vasta e densa, com árvores de copas verdes e um grande lago próximo, refletindo o céu como um espelho perfeito. Ao longe, no horizonte, ele conseguiu distinguir algo extraordinário: o topo de torres prateadas que brilhavam intensamente sob o sol. Mas antes que pudesse apreciar a visão, a realidade da queda o atingiu. Ele estava prestes a morrer.


De repente, um zumbido grave e profundo preencheu o ar. Reis abriu os olhos e viu algo imenso vindo em sua direção: um besouro gigante e branco, suas asas translúcidas cintilando como cristais. Em um movimento calculado, a criatura posicionou-se abaixo dele, e Reis caiu suavemente sobre suas costas largas e brilhantes. Sentiu-se seguro, encaixado entre a cabeça e as asas do besouro.


O voo foi diminuindo até que a criatura pousou tranquilamente no chão da floresta, dobrando suas asas translúcidas com uma precisão quase mecânica. O impacto foi suave, mal mexendo as folhas e a grama abaixo. Reis deslizou cautelosamente das costas da criatura, ainda sentindo o coração disparado, e deu alguns passos para trás. Agora, diante dela, ele pôde finalmente observá-la com mais atenção.

Bugras
Bugras

Era uma criatura magnífica, apesar de sua aparência incomum. Seu corpo era grande, imponente, com uma carapaça branca como a neve que refletia a luz de forma quase mágica, criando padrões de brilho suaves. Pequenas manchas pretas formavam um mosaico simétrico que parecia deliberadamente desenhado. Suas asas, ainda parcialmente abertas, cintilavam como cristal sob a luz, exibindo delicadas linhas que lembravam vitrôs.

As pernas eram robustas, com articulações que pareciam de aço, mas se moviam com uma suavidade surpreendente. Seus olhos grandes e multifacetados tinham um tom levemente dourado, que parecia brilhar com uma inteligência inesperada. Apesar de sua face ser a de um inseto, havia algo gentil em sua expressão, como se sua presença transmitisse mais curiosidade do que ameaça.


Reis ficou imóvel, seus olhos fixos na criatura. Ele sentia uma mistura de admiração e um medo instintivo. A criatura, por outro lado, inclinou levemente a cabeça para o lado, como se estudasse o homem à sua frente. Por alguns segundos, o silêncio da floresta parecia aumentar a tensão, até que ela finalmente falou.


"Bem-vindo," disse a criatura com uma voz profunda e ressonante, que não parecia sair de sua boca, mas ecoar diretamente na mente de Reis. "Eu sou Bugras, e estive esperando por você."

Reis deu um passo para trás, o choque estampado em seu rosto. Ele tentou assimilar o que acabara de ouvir. "Você... você fala? E... espera... me esperava?"

Bugras inclinou levemente a cabeça novamente, seus olhos dourados brilhando com algo que parecia alívio, talvez até felicidade. “Sim, eu falo. E sim, estive aguardando por você por muito tempo. Você é especial.”


As palavras foram como um golpe para Reis. Tudo parecia surreal: a queda, a floresta, as torres ao longe, e agora esse enorme besouro gigante que falava em sua mente. Era demais para ele processar. Bugras continuou a observá-lo pacientemente, mas a mente de Reis já estava sobrecarregada.


"Isso... isso não pode estar acontecendo," murmurou ele, enquanto suas pernas começavam a fraquejar.


O mundo ao seu redor parecia girar, como se a realidade estivesse se dissolvendo. Bugras, sereno, permaneceu em silêncio, apenas o observando com uma calma incomum. Antes que Reis pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, sua visão ficou turva, e ele desabou no chão da floresta. A grama macia o acolheu, e o silêncio tomou conta da clareira novamente.







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